Confederação do Equador
A população do nordeste brasileiro, mais especificamente em Pernambuco, Paraíba e Ceará, estava revoltada com o caráter repressor do imperador D. Pedro I. O não cumprimento da Constituição de 1824 causou repulsa aos moradores pernambucanos, porque dava indícios de que o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, estaria se tornando uma “nova Lisboa”, deixando o Brasil sob custódia dos mandatários de Portugal.
bandeira confederação do equadorPernambuco nutria um sentimento regional nativista, pois sofrera com a invasão holandesa no século XVII e havia manifestado seu comprometimento com os interesses dos moradores, com a recente Revolução Pernambucana, acontecida em 1817.
A imprensa independente pernambucana demonstrou interesse pelo liberalismo dos Estados Unidos, ideal político defendido por Cipriano Barata, que viajara ao continente norte-americano para se formar em Medicina e voltou ao Brasil para disseminar seus aprendizados progressistas. Barata nasceu na Bahia e participou de vários movimentos revolucionários, mas era conhecido mesmo por trazer em seu jornal “Sentinela da Liberdade” artigos que afrontavam o governo opressor de D. Pedro I. Em reforço aos argumentos, Frei Caneca, discípulo declarado de Barata, reforçava o coro com o jornal “Tífis Pernambuco”, publicando os mesmos ideais do liberalismo.
Manuel Paes de Andrade, então presidente da província pernambucana, foi substituído por Francisco Pais Barreto a mando do império português. Indignado com a quebra da constituição, Pais Barreto deu início em 2 de julho de 1824 à Confederação do Equador, propondo um estado separatista com a união de todos os estados que iam da Bahia à região do Grão-Pará, adotando a Constituição colombiana e a estrutura política liberal dos Estados Unidos.
confederacao do equadorCom o espírito do iluminismo francês, os pernambucanos queriam estabelecer a república democrática e acabar com a exploração dos escravos nos portos de Recife. Reforçava o caráter revolucionário da Confederação do Equador o fato de que a grande parte da população, vítima dos interesses das elites locais, estaria livre para exercer seus direitos, como defendia o Manifesto da Proclamação da Confederação do Equador.
Foi justamente esse choque de interesses feudais que enfraqueceu o apoio político das elites. D. Pedro I, também, já estava preparado para silenciar os revoltados. Enviou várias tropas ao Nordeste para conter as manifestações, sob comando do brigadeiro Francisco de Lima e Silva junto com o exército naval do Lorde Cochrane.
Eles puniram severamente cada transgressor, prendendo e matando sem dó, apesar dos pedidos para que as sentenças fossem minimizadas. Frei Caneca, um dos mentores do movimento oposicionista, foi condenado à forca, mas os carrascos não quiseram cumprir as ordens, pois temia a revolta divina por matarem um padre.
Sem piedade, o império ordenou que Frei Caneca fosse fuzilado pelas tropas no dia 13 de janeiro de 1825, culminando no fim da Confederação do Equador.